Furacão

Quando vem o furacão, sai derrubando, levando tudo. A gente fica de longe olhando os escombros e vê que nada restou, nada sobrou. E é impossível tentar reconstruir alguma coisa ali, naquele terreno.
Você vai precisar de tempo, muito tempo pra levantar. Mas enquanto você está lá olhando os destroços, vem as lembranças, tudo o que você viveu ali, naquele terreno que até ontem era florido e iluminado, e agora está escuro e frio.
Enquanto você estiver lá olhando vai ouvir várias frases feitas. Vão dizer que você vai conseguir, que vai encontrar outro terreno bem mais fértil e próspero, vai construir sua casa novamente. Mas você sabe disso, sua casa já foi derrubada outras vezes e você sabe que vai construir outra casa melhor, com o piso bem mais sólido. Mas nada disso importa agora. Agora você só quer lembrar tudo o que viveu ali, todos os planos feitos, todos os sonhos que nem chegaram a se realizar.
Agora você só quer chorar!
O tempo vai fazer a dor passar e você sabe, mas até lá vai doer muito.É uma dor enorme que você não sabe se é física, um vazio que você não consegue explicar.
Pode demorar para você se levantar, mas o tempo não importa uma hora toda a dor vai passar, você vai levantar e ser feliz novamente, em outro lugar.
Maria Rodrigues
08/05/2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Eu ainda não disse adeus!

Ele veio assim, veio invadindo minha vida, meio abusado, entrou na minha casa e se instalou na minha vida.
Eu achei ele abusado, ele chegou mudando tudo de lugar, virando minha casa de pernas pro ar, ficou na minha casa e na minha vida.
E nós vivemos juntos, foi pouco tempo, mas nós aprendemos tanto um com o outro.
Dormíamos juntos, quase sempre ao mesmo tempo pegávamos no sono e quase sempre acordávamos ao mesmo tempo, como se fossemos um só, havia o habitual beijo de bom dia com gosto de quem acabou de acordar, com a cara amassada de sono, mais pra mim você sempre estava lindo.Batia uma preguiça e ficávamos horas olhando o tempo passar deitados e conversando, sem ao menos dizer uma só palavra. Não precisávamos falar nada bastava um olhar.
Era tão bom viver com ele! Fazíamos compras juntos, eu empurrava o carrinho e você ia jogando tudo lá dentro sem olhar.
Ele me ensinou a comer sushi mesmo eu já gostando e eu ensinei ele a comer pipoca queimada com brigadeiro.
Ensinei ele a comer salada e ele me ensinou a comer bacon frito.
Ensinei ele a cozinhar e ele me ensinou a comer.
Ele me ensinou a sorrir de novo!
Me ensinou a gostar de filmes idiotas e engraçados e eu ensinei ele a assisti filmes franceses dramáticos.
Ele me forçava a assistir vídeos idiotas no You Tube e ria demais, um riso gostoso de se ouvir e eu ria da risada dele.
Eu reclamava que ele não conhecia os meus sorrisos, mas nunca reparei que ele conhecia todas as minhas caras, sabia tudo o que eu pensava, sabia tudo de mim, eu transparente pra ele.
Eu cuidava dele e ele cuidava de nós.
Gostava de andar com ele, mesmo ele achando que eu era preguiçosa, gostava de ver o pôr-do-sol cor de rosa alaranjado.
Ele me ensinou a brincar, me ensinou a ser feliz, me ensinou a amar de novo. Me ensinou a amar melhor.
A gente se fazia tão bem, a gente era tão feliz, se equilibrava, eu sempre tão intensa, brigando,gritando, esperneando, reclamando de tudo, sempre chata, e ele sempre calmo, equilibrado, tranquilo, o oposto de mim. Não dele levantando a voz pra mim nunca, mesmo que na maioria das vezes eu merecer.
A gente se entendia depois das brigas e tudo ficava melhor, a gente se adorava!
Mas um belo dia, do mesmo jeito que ele chegou sem pedir licença, ele saiu sem se despedir. Foi embora sem dizer nada. Eu fiquei aqui arrumando a casa, colocando tudo no lugar, tudo o que você desarrumou.
Fiquei com a casa vazia, juntei as coisas dele e levei de volta, porque não queria ver. Mas isso não adiantou, ele ainda está aqui e vai ficar por muito tempo ainda dentro da minha casa, do meu coração.
Maria Rodrigues.
17/05/2010

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